Maceió, 1950

Em janeiro de 1950, José, Léa e eu, Maria, então com 5 anos, fizemos uma viagem a Maceió. O Zeca, que tinha apenas 1 ano, ficou em Porto Alegre sob os cuidados dos avós Elvira e Carlos. Acho que o principal motivo desta viagem foi apresentar Léa e eu à Vó Maria (meu nome é em homenagem a ela) e acho que a urgência na realização desta visita era o temor que ela falecesse sem nos conhecer. O Vô Antonio havia falecido em 1943.

Fomos de avião e voltamos de navio.

Em Maceió houve o grande encontro da família Jacome Gerbase. Lá estavam, além da matriarca Vó Maria, os irmãos Vicente, Antônio (Tonho), Francisco (Chico), e os sobrinhos Antônio (Tonho ou Tonzinho) e Benedito (Dito), filhos de Tio Vicente, e Antônio Miguel, filho de Tio Tonho. Faltava Filomena (Mena) que fomos encontrar na volta, em nossa parada em Santos. Em Maceió conhecemos também a Tia Lili, esposa do tio Vicente e Tia Laudirce, esposa do Tio Tonho, que nos receberam muito bem.

Minhas lembranças da Vó Maria: pessoa muito séria, um pouco triste, pouco sorria, era magrinha e pouco aconchegante. Morava com Tio Vicente e Tia Lili. Ainda aparecia na loja, a Casa Gerbase, onde parecia uma pessoa muito poderosa, com tudo sob seu controle. Me fez experimentar vários sapatos e me ofereceu um que eu achei lindo. Carregava um monte de chaves na cintura. Um dia, foi comigo e a mãe ao sótão da loja. Lá havia muitos armários e baús. Era uma grande acumuladora e parece que escondia da família os seus “tesouros” neste sótão. Com uma enorme chave, abriu um armário cheio de coisas, como toalhas de mesa e louças. Deu para a mãe algumas toalhas de crivo, pelo que me lembro.

Ficamos hospedados na casa do Tio Tonho, no bairro do Farol. Casa muito agradável e muito mais alegre do que a casa do Tio Vicente. Um dia, a mãe elogiou um vaso que estava nesta casa e o Tio Tonho prontamente falou: “É seu”. Repeti esta frase na minha casa quando o Prof. Jean Dausset olhou para uma santa d emadeira da Bahia que eu tinha. Jean Dausset foi meu professor em Paris, cientista (Prêmio Nobel em 1980) e colecionador de arte.

Durante a estadia em Maceió, fizemos várias excursões de um dia para localidades próximas, como pode se ver no vídeo. Destaque para um lugar histórico da família, a primeira loja do Vô Antonio, em Marechal Deodoro.

A viagem de volta, de navio, foi muito interessante e agradável. Saímos de Recife, e visitamos também Salvador, Santos e São Paulo. Em Santos, encontramos a Tia Mena, seu supersimpático marido Júlio e a prima Alice.

A chegada a Porto Alegre foi emocionante, com o Zéca estendendo os bracinhos para a mãe, mostrando que ele não tinha esquecido dela!

As fotos são do pai e, algumas, do Tio Tonho. O Tio Tonho adorava novidades tecnológicas e oferecia ao pai as câmeras fotográficas que ele não usava mais. Foi o Tio Tonho também que orientou o pai a comprar filmadora 16mm, projetor, etc.

Muitas dessas memórias permanecem vivas porque histórias desta viagem foram contadas e recontadas inúmeras vezes pelo pai e pela mãe.

Texto: Maria

Vídeo: Luiz

Fotos: José, Léa e Tio Tonho

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